sábado, 9 de junho de 2012

Eu também escrevo.

Comercial de margarina

  Era uma vez, uma boneca de madeira cujo maior sonho era virar uma menina de verdade. Emília e sua família (Vagabundo, seu pai; Dama, sua mãe e Peter, seu irmão que tinha mania de grandeza e sonhava em ser adulto) eram muito pobres e viviam em uma casinha de papelão (para não pagarem impostos) em Tuvalu.
  Um dia, as crianças/madeira foram deixadas numa floresta para que ficassem perdidas. Tudo isso foi planejado por seus pais que, só agora que não teriam mais despesas com comida/seiva, poderiam fazer sua tão sonhada viagem para área 51, que todos sabem, fica logo ali no Acre.
  O que não perceberam é que Emília estava com uma perna meio solta porque estava sendo comida por carunchos. Isso fazia com que soltasse uma trilha de bolinhas de madeira; ou cocô de caruncho, chame como quiser.
  Quando menos se deram conta, Peter e sua irmã estavam perdidos. Andaram um pouco a fim de encontrarem seus pais e chegaram, sem querer, na casa de Vó Cinderela, conhecida por ser a única pessoa que conseguiu passar dos 80 anos em Tuvalu. Bateram à porta e de lá de dentro saiu um coelho dizendo que estava atrasado. Tudo que aquele roedor peludo e vesgo fez, foi entregar-lhes duas azeitonas. Emília aceitou-as e já ia guardá-las quando um esquilo míope que passava por ali as confundiu com seus filhotes e as tomou das mãos da menina. Logo ele viu que eram verdes e macios demais para serem seus filhotes, jogou as azeitonas no chão e saiu reclamando da vida em alemão.
  No mesmo momento em que os frutos caíram, foram engolidos pela terra e do mesmo lugar começou a brotar um gigantesco pé de Taioba-Azul-Fluorescente-da-Malásia. As crianças/madeira assistiram até o fim do crescimento do pé e daí tiveram a ideia de subir até seu topo para tentarem avistar sua casa e seus pais de lá.
  Quando terminaram de subir, estavam rodeados  por uma espessa nuvem e nem sequer perceberam quando entraram num buraco negro que tinha se formado no topo pé. Lá dentro encontraram um pequeno aparelho com um chamativo botão vermelho. Apertaram. Um holograma de Mestre Yoda surgiu bem ao lado deles e professou "Furacão grande do leste se aproxima. Casa. Madeira. Caiu.".
  Depois de não entenderem absolutamente nada, os dois irmãos saíram do buraco negro e conseguiram avistar sua casa já que a nuvem tinha ido para o Afeganistão. Desceram e acharam a trilha de caca de caruncho, o que facilitou sua chegada até a casa. Após uma longa e cansativa caminhada, chegaram à construção de papelão e entraram. Ficaram muito tristes ao verem que seus pais não estavam lá, mas logo se esqueceram disso, pois uma leve brisa que passava nas gretas das paredes e do teto, se transformou em um vento forte, depois em um vendaval e depois num verdadeiro furacão.
  A casa foi arremessada, mas as crianças permaneceram no mesmo lugar graças à seiva superpotente que Emília havia produzido embaixo de seus pés. Mal sentiram quando uma casa caiu bem ao lado deles.
  Depois que o furacão havia se transformado em brisa novamente, os moradores da casa saíram para ver qual era o seu novo endereço e avistaram os irmãos. Logo, pelo que manda as regras de etiqueta, os convidaram para tomar uma xícara de absinto. Muito lisonjeados, os dois irmãos aceitaram o convite.
  Durante uma acalorada conversa, Emília contou para o anfitrião (Que só depois de uma ou duas garrafas de chá disse que era Mestre dos Magos em carne e osso) o seu sonho de se tornar uma menina de verdade. E então pelos poderes de Grayskull, o sonho da madeira se tornou realidade e ela virou uma linda menina. 
  Depois de um mês trabalhando na ordem das discípulas de Barbie, Emília conseguiu um emprego de atriz de comercial de margarina em Hollywood e seu irmão à acompanhou como personal stylist. Lá encontraram sua mãe e seu pai na sarjeta. Fim.
  No fim da história, adquirimos uma grande lição de moral: "Não importa se o pato é macho, o ovo sempre sai pela culatra".

Um comentário:

  1. Esse é um texto que, claramente deveria ser estudado na Universidade Episcopal da Éris Anônima. Perguntarei a meus manos gorilas se eles tem munição o suficiente para me ajudar na entrega de uma cópia desse texto à Superintendência de Reações Herméticas.

    ResponderExcluir